Nos últimos dias o Bitcoin ultrapassou pela primeira vez o valor de US$10.000,00. Isso seria inimaginável para o leitor mediano da Forbes quando, em 2013, a revista publicou matéria afirmando que “Bitcoin a 32 dólares é bolha”.
Paradigmas antigos impedem muita gente de enxergar a origem do valor do Bitcoin. A segurança decorrente da descentralização da validação das transações, a transparência dos registros, a facilidade de enviar valores quase que imediatamente para qualquer lugar do mundo (sem tributos e com taxas irrisórias), o anonimato e a escassez da moeda (pois, ao contrário das moedas estatais, não há uma autoridade central com poder de emissão de mais unidades monetárias do que o inicialmente previsto), fazem do Bitcoin um ativo extremamente atrativo.
Diante disso, e do fato de que estima-se que apenas 0,02% da população mundial tenha se engajado nessa tecnologia até o momento, nossa expectativa é de que o Bitcoin ainda se valorize em pelo menos algumas dezenas de vezes, mas é claro que não temos como estar certos disso. Talvez surja algum fato que interrompa essa trajetória de valorização, ou, quem sabe, até inviabilize a moeda.
Uma constatação, porém, já não pode ser quebrada: é viável a descentralização do dinheiro. E digo mais: ainda que o Bitcoin e todas as outras moedas digitais atualmente existentes deixem de existir daqui algum tempo (no que eu não acredito), a experiência destes últimos anos não apenas comprova que moedas descentralizadas e imunes às intervenções burocráticas são viáveis, mas que são extremamente desejáveis.
Demonstrada, assim, a total viabilidade de descentralização do poder monetário, fica a pergunta: qual dos poderes atualmente monopolizados pelos Estados seria inviável de ser descentralizado?
(por Rafael Boskovic|ILISC)