Só em Sorocaba, o número de pessoas contaminadas já ultrapassa 26 mil.O risco maior está nas unidades desocupadas ou usadas para temporada

Flavio Amary

O Estado de São Paulo concentra a metade dos casos de dengue no País. Só em Sorocaba, o número de pessoas contaminadas já ultrapassa 26 mil. São números alarmantes e a Secretaria de Saúde já admite que Sorocaba vive hoje uma situação de epidemia de dengue, o que coloca a cidade em estado de atenção.

Apesar disso, muitos sorocabanos desconhecem ações básicas para evitar a proliferação do Aedes aegypti e sequer liberam a entrada de fiscais da Zoonoses para vistorias, a ponto da Prefeitura ter que solicitar apoio da Polícia Militar, da Guarda Civil Municipal (GCM) e de voluntários do Tiro de Guerra do Exército para acompanhar as equipes de fiscais.
Ciente da gravidade do quadro, a Regional Sorocaba do Secovi-SP realizou no último dia 27 de março uma palestra voltada a síndicos e administradoras de condomínios com a proposta de tirar dúvidas sobre a doença e sobre ações que os condomínios podem tomar para evitar o aparecimento de criadouros do mosquito.

A palestra “Dengue: ações e medidas nos condomínios” reuniu administradoras de condomínios, síndicos e subsíndicos de condomínios horizontais e verticais da cidade. Ministrada por Fabiano Demétrio Zequeto, biólogo da equipe da Divisão de Zoonoses de Sorocaba, a palestra foi aberta com a apresentação do quadro da dengue em Sorocaba, áreas com maior incidência de casos, os sintomas da doença, formas de transmissão e a biologia do mosquito que tem assustado os moradores da cidade.
Como fazer vistorias em unidades vazias? Quais riscos elas oferecem aos vizinhos? Que plantas trazem risco de acúmulo e água e larvas do mosquito? Como cuidar de piscinas, fontes e espelhos d”água? Quando acionar a fiscalização? Foram as principais dúvidas dos síndicos, que receberam a orientação para criar uma rotina com ações de prevenção e extermínio das larvas do Aedes aegypti a fim de evitar que a doença de propague num condomínio.

O risco maior está nas unidades desocupadas ou usadas para temporadas, já que sanitários, calhas, piscinas, canos, lonas, sistemas de captação de água de chuva podem se transformar em criadouros. Apesar da resistência de alguns proprietários, a orientação do Secovi é acionar a administradora e a Zoonoses para que seja feita uma visita técnica.

As orientações da Zoonoses foram além das explicações técnicas. Algumas soluções originais e inusitadas foram apresentadas aos síndicos para eliminar criadouros, como a colocação de peixes comedores de larvas em fontes, espelhos d”águas e até em piscinas que, por alguma razão, não recebem o tratamento adequado. Peixes como o Guarú comem, além da ração, larvas de insetos, mantendo esses locais livres das larvas do Aedes aegypti.

Outra solução para evitar a entrada de mosquitos dentro das residências é o telamento (a instalação de telas em portas e janelas com tramas de no máximo 1 mm), um procedimento bastante comum em países como Estados Unidos e que pode impedir a entrada do mosquito infectado.

Além disso, a Zoonoses está visitando os condomínios verticais e horizontais da cidade para verificação de focos e orientação a moradores. É de extrema importância que o acesso dos técnicos seja liberado e que os moradores cooperem com esses profissionais.
Caso um condomínio registre um caso de dengue entre seus moradores, a Zoonoses deve ser imediatamente acionada para que seja feito o bloqueio. A dengue é responsabilidade de todos.

Fonte: SindicoNews